Residência Médica: tudo o que você precisa saber
Se você já assistiu a alguma série médica de televisão, como Greys Anatomy ou ER, lembra da figura do residente médico dentro do hospital. Saiba que, apesar de diversas diferenças entre os personagens e a vida real, a residência médica é um processo não só real como muito importante para a formação de um profissional da área.
Agora que você já enfrentou a nota de corte do ENEM e está cursando Medicina em uma faculdade, é hora de dar o próximo passo. Mas, como funciona exatamente esse processo? Qual é a duração de uma residência e quais são as principais do país?
Você sabe como se preparar para ingressar em uma residência e, com isso, potencializar a sua carreira na Medicina? Se não, está na hora de descobrir. Leia o nosso artigo completo e entenda tudo que você sempre quis saber sobre a residência médica!
O que é residência médica?
A residência médica é, basicamente, um curso prático em determinada área da Medicina. Ela funciona como um intermediário entre um curso teórico e uma atividade profissional, assemelhando-se mais à prática do que à teoria.
Confuso? Calma, que vamos explicar! A residência médica é, na verdade, uma forma de se especializar em alguma área. Isso porque, quando um estudante termina o curso de graduação em Medicina, ele está formado como médico, mas não tem nenhuma especialidade definida ainda.
Se você realizou o curso de Medicina e, durante a graduação, fez várias atividades extracurriculares na área da cirurgia geral, por exemplo, isso não quer dizer que você se forma como um cirurgião. Para isso, é necessário realizar uma residência médica.
Nesse caso, você escolhe a residência médica em cirurgia geral e começa a prestar os processos seletivos. Sim, só é possível entrar em uma residência com o processo, no qual há uma análise do currículo, provas e, algumas vezes, entrevistas! As residências são oferecidas pelas universidades, hospitais ou clínicas, sendo que cada um apresenta um processo próprio.
Vale destacar que existem alguns tipos de residência médica, e isso depende das exigências de pré-requisitos para ingressar. Dessa forma, uma residência que não exige pré-requisito é chamada de R1, como é o caso da clínica médica. Porém, a Cardiologia, por exemplo, exige uma residência anterior em Clínica. Dessa forma, ela é uma R2.
Como funciona a residência médica na prática?
Para entender mais sobre o que é e como funciona a residência médica, é hora de descobrir um pouco sobre as atividades realizadas, tempo de duração e salário do residente.
Ao longo da residência, você terá uma carga horária de 60 horas semanais. A duração do curso pode variar de 2 a 4 anos, dependendo da especialidade que escolher — e essa carga horária inclui tanto atividades práticas quanto teóricas.
A maior parte das atividades práticas ocorre no hospital ou instituição na qual você realiza a residência médica. Ou seja, se escolheu a cirurgia geral, como no exemplo anterior, vai acompanhar os cirurgiões do hospital para atuar e aprender a prática médica nessa área. Além disso, terá aulas semanais sobre o assunto, aprofundando os seus conhecimentos.
A boa notícia é que a residência médica é uma atividade remunerada, o que significa que você vai ganhar um salário e terá acesso a direitos trabalhistas semelhantes aos de quem trabalha com carteira assinada. O salário é definido por lei, sendo que ele sofreu um reajuste em 2021, indo para R$ 4.106,09. Você também tem direito a descanso semanal e férias remuneradas de 30 dias a cada 1 ano de trabalho.
Qual é a importância de fazer residência médica?
A residência médica pode ser um passo muito importante da sua carreira em Medicina. Afinal, essa é a forma mais comum de adquirir um título de especialista — sendo que, para algumas áreas, é a única forma de atuação.
Só que a residência não é importante apenas pelo título, mas por diversos outros motivos. Afinal, quando você escolhe realizar uma residência médica, adquire uma série de conhecimentos aprofundados que não é possível na sala de aula, durante a graduação. Você aprende muito e consegue se dedicar integralmente à área que escolheu.
Além disso, a residência médica é o momento no qual você conhece muitas pessoas, aumentando o seu networking. Você atua em uma instituição de saúde, conhecendo médicos de diversas áreas, enfermeiros, especialistas e outros profissionais que já têm ampla experiência no assunto.
Por fim, vale lembrar que a residência médica pode ser uma ótima forma de ingressar no mercado após a formatura. Afinal, se você ainda não tem muito tempo de experiência, pode ter dificuldades de encontrar um emprego ou de ter uma carteira de clientes na sua própria clínica.
Mas, com a residência, você já consegue ingressar no mercado com um salário, e também adquirir experiência. Essa união dos dois elementos pode alavancar a sua carreira após o término da residência, permitindo que alcance cargos que ainda não imaginava que seriam possíveis mais rapidamente.
Quais são as principais especialidades em Medicina?
Agora que você já sabe mais sobre como funciona a residência médica, que tal entender quais são as principais especialidades e o que você aprende de Medicina em cada uma delas? Veja!
Clínica médica
Clínica médica é uma das principais residências em Medicina, não apenas pela ampla área de atuação do profissional formado, mas também pelo fato de que ela é um dos requisitos para diversas outras especialidades.
Ou seja, para iniciar a residência em outra área clínica da Medicina, como Cardiologia, Ginecologia ou Endocrinologia, é essencial ter concluído a residência em Clínica médica antes.
Durante o curso, que tem duração de 2 anos, você vai aprender as bases de cada uma dessas áreas clínicas, formando-se como médico generalista. Também vai aprender como atuar enquanto clínico, vivenciando, em situações práticas, a atuação desse profissional.
Após formado, o médico especialista em Clínica médica conta com diversas áreas de atuação possíveis. Ele pode trabalhar em um ambulatório, hospital, no SUS, em uma clínica particular e em tantos outros estabelecimentos. Ele é o profissional responsável pela análise geral do paciente, diagnóstico e, caso necessário, encaminhamento a outras especialidades.
Cardiologia
A Cardiologia é a área da Medicina que lida com o coração e todos os sistemas relacionados a ele no corpo humano. Dessa forma, é uma área extremamente completa, mas, ao mesmo tempo, complexa para se especializar.
Não é à toa que a residência médica em Cardiologia exige a conclusão da residência em Clínica. Ou seja, você só pode prestar esse processo seletivo após concluir essa primeira especialidade.
A Cardiologia tem duração de 2 anos, nos quais você vai adquirir diversos conhecimentos sobre esse órgão e área de atuação, assim como as subáreas da Cardiologia, como transplantes, Cardiopatia, pós-operatório de cirurgias cardíacas, reabilitação, entre outras.
Após se formar, as possibilidades de atuação são diversas. Além de poder atuar em hospitais particulares ou públicos, assim como no SUS, atendendo em clínicas especializadas ou em UBSs (Unidades Básicas de Saúde), você também pode ter o seu próprio consultório. As perspectivas de trabalho são ótimas, assim como o salário para o médico que atua na Cardiologia.
Dermatologia
Já pensou em trabalhar com o maior órgão do corpo humano? Pois é exatamente isso que o médico especialista em Dermatologia faz! Afinal, ele lida com todas as questões da pele, desde problemas comuns como acne e verrugas até situações extremamente complexas, como queimaduras ou câncer.
Essa residência médica tem entrada direta, ou seja, não há nenhum pré-requisito para o ingresso. Isso significa que você pode entrar na residência em Dermatologia logo depois da formatura em Medicina, prestando os diversos processos seletivos que existem no país.
O profissional formado nessa área atua em vários aspectos. Afinal, na residência médica, há o aprendizado tanto de questões clínicas quanto cirúrgicas no que se refere à Dermatologia. Portanto, é possível trabalhar em hospitais, tanto públicos quanto privados, e em clínicas. Ao se especializar nessa área, também há vagas no SUS e é possível abrir o próprio negócio ou consultório particular.
Cirurgia geral
Uma possibilidade de residência médica que você pode realizar logo após a formatura é a de Cirurgia geral. Ela ocupa um dos primeiros lugares no ranking de especialidades mais procuradas, principalmente por ser um pré-requisito para todas as outras residências em Cirurgia. Dessa forma, exige bastante dedicação, tanto para o ingresso quanto para a manutenção no curso.
Na residência em Cirurgia geral, você vai adquirir todos os conhecimentos necessários para a realização das cirurgias, desde a preparação do local, instrumentos utilizados, manejo do paciente até o procedimentos pós-cirúrgicos. Além disso, vai aprender sobre cirurgia em todos os sistemas do corpo humano, assim como em diversos contextos, como o caso de emergências.
O médico especializado em Cirurgia pode atuar em diversos contextos, sendo o principal deles os hospitais particulares ou públicos. Também é importante destacar que esse profissional pode ter uma rotina bastante tumultuada, sem grandes planejamentos. Afinal, principalmente quando atua em emergências, o cirurgião precisa estar disponível sempre que estiver de plantão, sem saber quando será acionado.
Mesmo fora do contexto de emergências, como é o caso de cirurgias eletivas, os profissionais precisam estar sempre à disposição. Isso porque pode ocorrer alguma complicação com o paciente e o cirurgião geral que realizou o procedimento é o responsável.
Porém, vale lembrar que essa é uma área de atuação bastante dinâmica e interessante. Além de atuar com diversos sistemas do corpo, realizando cirurgias diferentes, você também pode lidar com pacientes das mais diversas idades e características.
Neurologia
Quem se especializa em Neurologia é responsável por todo o cuidado com o sistema nervoso do corpo humano. Isso inclui o cérebro, mas também da medula espinhal e todos os nervos do organismo. Dessa forma, o profissional lida com todos os acometimentos a esse sistema, desde de traumas até doenças neurológicas, sejam elas congênitas ou não.
Essa é uma das especialidades que você pode realizar com uma residência médica. Uma curiosidade interessante sobre esse curso é que, antigamente, ele tinha como pré-requisito a residência em Clínica médica. Porém, após uma mudança recente, a residência de Neurologia é uma especialidade de entrada direta, ou seja, logo após a formatura.
Essa residência médica tem 3 anos de duração, sendo que o primeiro é dedicado a um estudo da clínica médica voltada para a Neurologia, enquanto que os outros 2 anos são específicos da área.
Após a conclusão, você pode atuar em uma série de áreas. É possível lidar com distúrbios do sono e da dor, doenças congênitas, Oncologia ou reabilitação, por exemplo. Dessa forma, uma das principais atuações desse profissional é em hospitais ou clínicas especializadas.
Porém, a emergência também é uma área que costuma necessitar de neurologistas, sendo uma importante forma de atuação desse profissional.
Ginecologia e Obstetrícia
Para quem pensa que a residência em Ginecologia e Obstetrícia é apenas sobre o acompanhamento e nascimento de bebês, está muito enganado. Apesar de essa ser uma atuação importante desse profissional, é uma das áreas mais completas da Medicina, que lida com todas as questões relacionadas ao sistema reprodutor e, até mesmo, aos hormônios femininos.
Não é à toa que o médico referência das mulheres é, na maioria dos casos, o Ginecologista. Isso porque, durante a especialização, você vai aprender diversos aspectos sobre o funcionamento do aparelho reprodutor feminino e seus hormônios, assim como a influência que tudo isso pode ter nos outros órgãos do corpo.
Portanto, a residência médica de Ginecologia e Obstetrícia, que é de entrada direta, sem a exigência de pré-requisitos, inclui questões relacionadas à fecundação, desenvolvimento do feto e parto. Mas você aprende também questões relacionadas a mamas, Oncologia, distúrbios hormonais e diversos outros elementos.
Após a conclusão, as possibilidades de inserção no mercado são bastante diversas. É possível trabalhar em clínicas públicas e particulares, hospitais e nos órgãos do SUS. Você também pode trabalhar em maternidades e hospitais especializados.
Vale destacar que a rotina, apesar de interessante, é bastante agitada. Afinal, para as mães que optam pelo parto natural, o bebê pode vir à qualquer hora. Então, mesmo não estando de plantão, você pode não ter muito controle sobre a sua agenda, precisando reorganizar compromissos com frequência.
Pediatria
Outra residência médica de acesso direto que é muito desejada pelos formados em Medicina é a Pediatria. Essa é uma outra área bastante completa, que envolve o estudo de todo o funcionamento e formação do ser humano em fase de desenvolvimento. Afinal, as crianças têm um funcionamento totalmente diferente, que exige especialização e cuidado por parte do profissional.
Durante a residência, você vai aprender tudo sobre o organismo infantil, desde as doenças mais comuns, diagnósticos e tratamentos até o manejo da criança durante uma consulta, incluindo competências relacionadas ao cuidado e empatia.
Ao longo do curso, você aprende sobre pré-natal e o cuidado com recém-nascidos nos mais diversos contextos. Ainda aprende sobre saúde mental, cuidado ambulatorial e emergências. Por fim, tem noções básicas de Anestesiologia e Cirurgia em crianças, assim como o pós-operatório.
O especialista em Pediatria conta com diversas possibilidades de atuação, podendo, inclusive, ingressar em uma subárea. É possível atuar juntamente ao Ginecologista para lidar com questões relacionadas ao parto e recém-nascido, por exemplo.
Você também pode atuar em clínicas, hospitais, emergências e diversos outros contextos, dependendo dos seus interesses e competências desenvolvidas ao longo do curso.
Oftalmologia
A Oftalmologia é uma residência médica de acesso direto, ou seja, não é necessário realizar um curso anterior. Ela tem como principal foco o cuidado com os olhos e todos os órgãos e sistemas relacionados a eles, cuidando da saúde e visão dos pacientes.
Dessa forma, durante o curso de especialização, você vai aprender uma série de conteúdos acerca do funcionamento dos olhos e seus sistemas, assim como doenças mais comuns. Vai entender mais sobre o diagnóstico e tratamento de problemas relacionados aos olhos, cirurgia oftalmológica e outros conteúdos relacionados.
As áreas de atuação da Oftalmologia, após a conclusão do curso, são principalmente clínicas especializadas. Você também pode abrir o seu próprio consultório, mas lembrando que isso exige um investimento alto em equipamentos. Afinal, mesmo na clínica, o oftalmologista precisa de uma série de equipamentos auxiliares para avaliar e tratar os seus pacientes.
Urgência e Emergência
Você sabia que existe uma especialização específica para quem trabalha no pronto-socorro de hospitais? Trata-se da residência médica em Urgência e Emergência.
De entrada direta e duração de 2 anos, essa é a especialidade médica na qual você vai adquirir todos os conhecimentos necessários para o manejo, cuidado e tratamento do paciente em situações emergenciais. Isso inclui pacientes acidentados e que sofreram um trauma, assim como situações relacionadas a doenças, como infarto, AVC e outras adversidades desse tipo.
Vale destacar que, para além do conhecimento técnico, o médico que atua nesse contexto precisa desenvolver a capacidade de trabalhar sobre pressão. Afinal, os cuidados precisam ser rápidos e eficientes, sendo essencial que o profissional seja capaz de manter o controle e a seriedade para tomar as melhores decisões.
Após a conclusão do curso, o médico atua, principalmente, em clínicas e hospitais. Existem, inclusive, instituições renomadas e especializadas em emergências, nas quais você pode trabalhar. E isso inclui tanto o setor público quanto o privado.
Porém, assim como outras especialidades já apresentadas, é importante saber que o médico especialista nessa área também não tem muito controle sobre sua rotina, podendo estar de plantão com frequência, sem saber se será ou não convocado para o trabalho.
Quais são as residências médicas mais concorridas?
Como você já sabe, para ingressar em uma residência médica é necessário realizar um processo seletivo semelhante a um vestibular ou concurso público. Há uma grande variação no número de vagas pelo Brasil, assim como no número de médicos que realizam o processo — o que faz com que algumas das especialidades sejam mais concorridas do que outras.
Veja agora, em ordem, quais são as residências médicas mais concorridas:
- Clínica Médica;
- Pediatria;
- Cirurgia Geral;
- Ginecologia e Obstetrícia;
- Anestesiologia;
- Medicina do Trabalho;
- Ortopedia e Traumatologia;
- Cardiologia;
- Oftalmologia;
- Radiologia e Diagnóstico por Imagem.
O que são testes vocacionais voltados à residência médica?
Como você pode perceber, existem diversas áreas para a realização da sua residência médica. Isso significa que, após a faculdade, você precisa tomar outra decisão importante na sua carreira, definindo em qual área vai atuar para, com isso, escolher a sua residência.
É aí que os testes vocacionais entram como grandes aliados dos estudantes de graduação ou profissionais recém-formados. Afinal, você pode realizar um teste vocacional para identificar quais são os seus principais interesses e, inclusive, habilidades e competências.
Com isso, você é capaz de começar a identificar as residências que são mais adequadas para o seu perfil profissional, nas quais pode se destacar e levar a sua carreira para outro patamar.
Além disso, vale lembrar que a residência médica não é um processo fácil, desde a entrada até a obtenção do título de especialista. Afinal, você pode escolher uma residência muito concorrida, o que exige muitas horas de dedicação e estudo, além de ser necessário cumprir 60 horas semanais até o fim do curso.
Só vale a pena quando você realmente gosta da área escolhida! Por isso, é importante escolher com consciência, uma vez que a dedicação pode ser compensada pelo prazer de estar fazendo o que você realmente gosta. Um teste vocacional voltado para a residência médica pode ser um ótimo aliado nesse aspecto, permitindo uma decisão consciente e focada nos seus interesses reais.
Como a residência interfere na questão salarial?
Outro elemento importante na hora de realizar uma residência médica é a questão salarial. Afinal, como você pode perceber, a bolsa de Medicina recebida não é extremamente alta, apesar de ser importante para que você consiga manter as suas atividades enquanto realiza o curso com dedicação exclusiva. Mas, após o término do processo, será que a residência realmente faz diferença no salário?
Com o fim da residência, você adquire o título de especialista, e isso faz toda a diferença no salário que receberá enquanto médico. Com essa formação mais completa, o seu salário pode subir muito, e de maneira rápida, possibilitando recompensas financeiras logo após a residência.
Até aqui, você viu bastante coisa sobre residência médica, desde o funcionamento desse curso até as especialidades existentes nas quais você pode cursar. Também descobriu quais são os benefícios e a importância de realizar uma escolha consciente sobre a residência que vai realizar. Portanto, aproveite todo o conhecimento adquirido para começar, desde já, a se preparar para esse momento tão importante na carreira em Medicina.
Gostou do artigo? Ficou com alguma dúvida ou quer contar a sua experiência como residente? Então, aproveite para deixar um comentário!