Dia do Médico: conheça a história da Medicina em 8 eventos

Dia do Médico: conheça a história da Medicina em 8 eventos
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Em 18 de outubro, comemoramos o Dia do Médico. A escolha da data tem a ver com um personagem bíblico que era médico, o evangelista São Lucas. Porém, a história dessa profissão é muito anterior ao calendário cristão. Existem registros de especialistas em lidar com ferimentos e doenças desde as primeiras civilizações.

A Medicina egípcia, por exemplo, é considerada uma das mais antigas do mundo, com diversos registros de casos médicos deixados pelo sacerdote Imhotep (2.700 a.C. — 2.600 a.C.). Mais ou menos da mesma época é o primeiro livro com registros de práticas da Medicina chinesa, pertencente ao imperador Huang Ti (2.711 a.C. — 2.597 a.C.).

É impossível falar da história dessa ciência sem também passar pelos “velhos gregos”. Afinal, é em uma ilha grega que nasce o “pai da Medicina ocidental”. Hipócrates (460 a.C. — 377 a.C.) era assim chamado por ser o primeiro a reconhecer a prática médica como um campo de conhecimento autônomo, desvinculado da Filosofia e do misticismo.

Para homenagear o Dia do Médico, levantamos estes e outros momentos-chave da profissão. Se você gosta de história, continue a leitura e confira 8 eventos fundamentais para a Medicina!

1. Aristóteles e a Medicina grega antiga

Você sabe que Aristóteles (384 a.C. — 322 a.C.) foi um dos filósofos mais influentes da Grécia Antiga, não é? Embora não tenha discutido exatamente sobre as práticas médicas, suas ideias e observações tiveram um impacto significativo na forma como os gregos antigos compreendiam a Medicina e o corpo humano.

Por exemplo, Aristóteles expandiu a teoria dos quatro elementos (terra, água, ar e fogo), que era comum na filosofia natural da época, incluindo os quatro humores do corpo humano: sangue, fleuma, bile amarela e bile negra.

Ele acreditava que a saúde estava relacionada ao equilíbrio desses humores, e qualquer desproporção resultaria em doenças. Por isso, ele foi um dos primeiros pensadores a tentar estabelecer uma explicação racional para o surgimento de problemas de saúde.

2. Hipócrates e o juramento hipocrático

Hipócrates é uma figura icônica para essa área do conhecimento, sendo frequentemente chamado de “pai da Medicina ocidental”. O juramento que leva seu nome, o “juramento hipocrático”, é considerado um fundamento da ética médica e marca presença na trajetória de um estudante de Medicina.

Embora tenha evoluído ao longo do tempo e tenha versões variadas, o juramento estabelece princípios fundamentais, como a confidencialidade, a honestidade, a benevolência e a abstenção de causar danos aos pacientes. Até hoje, muitos médicos ao redor do mundo ingressam na profissão firmando esse compromisso com o bem-estar dos pacientes.

O pensador também se aprofundou na teoria dos humores, sobre a qual falamos agora há pouco, aperfeiçoando a noção de equilíbrio entre os elementos e o surgimento de doenças como algo mais associado ao próprio corpo do que a algum fator místico.

Assim, Hipócrates rejeitou explicações sobrenaturais ou mágicas para doenças, optando por uma abordagem naturalista. Ele acreditava que a Medicina deveria se basear em causas observáveis e compreensíveis — perspectiva que teve um impacto duradouro no desenvolvimento da prática médica baseada em evidências.

Como consequência desse pensamento, Hipócrates acreditava que a Medicina deveria ser pautada na coleta sistemática de dados clínicos. Ele encorajou seus aprendizes a registrarem cuidadosamente os sintomas de pacientes, o progresso da doença e os resultados dos tratamentos. Esse cuidado deu base à Medicina científica moderna.

3. A Idade Média e a Escola de Salerno

A Idade Média foi um período de mudanças significativas na história da Medicina e do início de uma formação sistemática de especialistas no tratamento de doenças. Nessa época, muitos textos médicos da Antiguidade Clássica, como os de Hipócrates e Galeno (129–299), foram encontrados e traduzidos para o latim por estudiosos.

A Escola de Salerno, localizada ao sul da Itália, desempenhou um papel fundamental nesse sentido, representando uma continuidade da tradição médica da Antiguidade Clássica e contribuindo com o renascimento da Medicina na Europa Ocidental.

A instituição também era um centro de aprendizado médico internacional, e isso permitiu a fusão de diferentes tradições. Ela incorporou elementos não apenas da Medicina greco-romana, mas também árabe e judaica, resultando em uma abordagem mais ampla e diversificada.

A influência da Escola de Salerno persistiu até o fim do século 14 e se consolidou justamente pela natureza pedagógica. Dessa instituição, nasceu um conjunto de preceitos de saúde — o Regimen Sanitatis Salernitanum, que reunia princípios de higiene, hábitos de uma vida saudável e algumas normas terapêuticas.

4. A Revolução Científica e a anatomia de Vesalius

O período de radicais transformações no pensamento e na atividade científica que se iniciou após o aperfeiçoamento do telescópio por Galileu (1.564–1.642) é chamado de Revolução Científica. Essa época, que abrange os séculos 16 e 17, impulsionou muitas áreas do conhecimento científico, inclusive a Medicina.

Nesse contexto, o trabalho de Andreas Vesalius (1.514–1.564) tem um papel de destaque por lançar as bases para o estudo científico da anatomia humana. A obra mais famosa do médico e anatomista belga, De Humani Corporis Fabrica, trouxe muitas descobertas decorrentes de dissecações meticulosas de cadáveres humanos.

Vesalius corrigiu erros anatômicos que haviam sido perpetuados por séculos e produziu ilustrações detalhadas e precisas do corpo humano. Imagine o impacto desse trabalho para o surgimento da Medicina do Exercício e do Esporte e para o desenvolvimento das práticas cirúrgicas!

5. A descoberta da vacina por Edward Jenner

A descoberta da vacina por Edward Jenner (1.749 — 1.823) é outro marco importante na história da Medicina, com impactos significativos na saúde pública global até hoje. Não é à toa que a Imunologia é uma das matérias específicas de Medicina, por exemplo.

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Edward Jenner foi um médico e cientista britânico que viveu durante o final do século 18 e início do século 19. Ele é mais conhecido por sua descoberta da vacina contra a varíola, uma doença altamente contagiosa e mortal.

Jenner observou que as pessoas que trabalhavam com gado e haviam contraído uma doença semelhante à varíola bovina (conhecida como cowpox) pareciam imunes à varíola humana. Ele levantou, então, a hipótese de que a exposição à cowpox poderia proteger contra a varíola, e decidiu testar essa teoria.

Em 1796, Jenner realizou seu famoso experimento que levou ao desenvolvimento da primeira vacina. Ele coletou pus de uma ferida de cowpox de uma ordenhadeira chamada Sarah Nelmes e inoculou o material em um homem. Após a recuperação da cowpox, Jenner expôs esse paciente ao vírus da varíola humana, mas ele não desenvolveu a doença.

Com isso, o médico estabeleceu o princípio da vacinação, que envolve a administração de um agente infeccioso enfraquecido ou inativado para estimular uma resposta imunológica protetora, sem causar a doença em si.

Graças à vacinação, a varíola foi uma das primeiras doenças infecciosas a serem erradicadas globalmente. A descoberta de Jenner não apenas salvou vidas na época, mas também deu bases para o desenvolvimento da Imunologia, conhecimento fundamental para a sociedade.

6. Descobertas da Microbiologia por Louis Pasteur

Louis Pasteur (1.822 — 1.895) foi um cientista francês cujo trabalho na Microbiologia, uma das subespecialidades da Medicina, teve um impacto profundo na compreensão das doenças infecciosas. Ele foi um dos primeiros cientistas a demonstrar que micro-organismos, como bactérias e vírus, eram responsáveis por essas doenças.

Seu trabalho ajudou a mitigar a crença prevalecente de que as doenças eram causadas por “miasmas” ou “ar ruim”. Sua teoria estabeleceu as bases para a compreensão moderna das infecções. Além disso, ele desenvolveu vacinas para várias doenças, como a raiva e o carbúnculo (antraz).

Outra contribuição fundamental foi a criação do processo de pasteurização, que envolve o aquecimento de líquidos, como leite e suco, a uma temperatura específica para matar micro-organismos patogênicos, tornando os alimentos mais seguros para consumo.

Esse processo teve um impacto significativo na prevenção de doenças transmitidas por alimentos, contribuindo com a noção de Medicina Preventiva e com a gestão da saúde pública. Seu trabalho ainda influenciou práticas médicas, como a esterilização de instrumentos cirúrgicos.

7. A descoberta da penicilina por Alexander Fleming

O trabalho de Alexander Fleming (1.881 — 1.955) é um dos mais influentes na história da Medicina e da Microbiologia. O cientista foi o célebre desenvolvedor do primeiro antibiótico, a penicilina. Essa descoberta acidental teve um impacto profundo no tratamento de infecções bacterianas.

Em 1928, Fleming realizava experimentos com bactérias quando notou que uma das culturas havia sido contaminada por um fungo do gênero Penicillium. As bactérias ao redor dele haviam sido destruídas. Essa observação levou à conclusão de que a substância produzida pelo fungo, que ele chamou de “penicilina”, tinha propriedades antibacterianas.

Antes da penicilina, o tratamento de infecções bacterianas era limitado e ineficaz. A descoberta marcou o início da era dos antibióticos, incluindo medicamentos para doenças como a pneumonia, a meningite e até mesmo infecções de feridas, que eram frequentemente letais.

8. A Medicina moderna e a genômica

Você já ouviu falar no Projeto Genoma Humano? Concluído em 2003, ele foi uma das grandes expressões do período da big science, como foi chamada uma série de colaborações científicas realizadas a partir da metade do século 20 — nas quais pesquisadores do mundo todo se reuniam em torno de projetos com impacto global.

No Genoma Humano, cientistas de 18 países trabalharam juntos para realizar o sequenciamento completo dos nossos genes, adquirindo uma compreensão de 99,99% de precisão do DNA humano. As consequências desse feito são enormes! Por exemplo, muitos dos avanços da Biomedicina que vemos hoje têm por base a genômica.

Com ela, conseguimos identificar genes associados a doenças genéticas, desenvolver testes preditivos e terapias direcionadas. Também temos o desenvolvimento acelerado da Medicina personalizada, em que os diagnósticos e os tratamentos são adaptados com base no perfil genético de um indivíduo.

O resultado é uma Medicina cada vez mais eficaz e menos invasiva, com a identificação de doenças em estágio inicial ou até mesmo antes de acontecerem (com base em mutações observadas), aumentando bastante a taxa de sucesso de tratamentos.

Apesar de termos separado o Projeto Genoma como o último grande marco da evolução da Medicina, não podemos deixar de mencionar outras descobertas e conquistas importantes das últimas décadas, impulsionadas sobretudo pela revolução tecnológica. Algumas delas são:

  • aperfeiçoamento da Neurociência — a pesquisa em Neurociência leva a uma compreensão cada vez melhor do cérebro humano e do sistema nervoso. Com isso, tivemos avanços na Neurologia, na Psiquiatria e no tratamento de distúrbios neurológicos, como o mal de Alzheimer e o mal de Parkinson;
  • terapias de reprogramação celular — a pesquisa em células-tronco e terapia de reprogramação celular trouxe a promessa de regeneração de tecidos e órgãos danificados, gerando expectativas muito positivas para o desenvolvimento de terapias em pacientes com lesões graves e doenças crônicas;
  • avanços na Medicina cardiovascular — novas técnicas cirúrgicas e dispositivos médicos têm melhorado significativamente o tratamento de doenças cardiovasculares, incluindo cirurgia de coração aberto minimamente invasiva e implantes de dispositivos cardíacos;
  • terapia com RNA mensageiro (mRNA) — a tecnologia de mRNA, que desempenhou um papel crucial nas vacinas da Covid-19, também tem o potencial de amadurecer a terapia genética e o tratamento de várias doenças;
  • telemedicina e saúde digital — a telemedicina foi a palavra da vez durante a pandemia de Covid-19. O uso de equipamentos para o monitoramento remoto de pacientes, consultas virtuais e um acesso mais facilitado aos cuidados médicos não urgentes ajuda a ampliar os serviços de saúde, inclusive em locais de difícil acesso e em relação a pacientes com mobilidade reduzida;
  • cirurgia robótica — a cirurgia robótica tem se tornado cada vez mais comum e sofisticada, permitindo procedimentos cirúrgicos mais precisos e menos invasivos em uma variedade de especialidades médicas;
  • Medicina Regenerativa — a cultura de órgãos artificiais em laboratório, a Engenharia de tecidos e o aperfeiçoamento da impressão 3D para fins médicos estão abrindo novas possibilidades para o transplante de órgãos e a regeneração de tecidos na chamada Medicina Regenerativa;
  • tecnologias de diagnóstico por imagem — nas últimas três décadas, a evolução do diagnóstico por imagem chegou a um patamar extremamente elevado. Novas tecnologias conseguem detectar anomalias com alta sensibilidade, além de reduzir riscos ao paciente devido à menor incidência de radiação.

Viu como a contribuição de grandes descobertas foi moldando a Medicina para que ela se tornasse esse campo de conhecimento tão rico que temos hoje? Mesmo com uma complexidade técnica, científica e tecnológica infinitamente maior atualmente, o que persiste desde os primeiros registros de práticas médicas é a grande relevância social dessa profissão.

Gostou de ter essa visão histórica? Não tenha dúvidas de que vale a pena fazer Medicina. O Dia do Médico é uma ótima oportunidade para pesquisar mais sobre essa ciência e relembrar como os profissionais continuam a desempenhar um papel essencial para a humanidade.

Se você sonha em seguir essa profissão tão relevante, inscreva-se no curso de Medicina e dê o primeiro passo rumo à carreira médica de sucesso!

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