Fisioterapeuta é doutor? Saiba quais profissionais podem ser chamados de Dr. e por qual motivo

fisioterapeuta é doutor
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Você já se questionou se fisioterapeuta é doutor? Pois saiba que essa é uma dúvida completamente normal! Afinal, há profissões que frequentemente utilizam esse termo no dia a dia, tornando-o parte do vocabulário formal e informal que as pessoas adotam nas interações profissionais.

Por esse motivo, trouxemos este post para explicar detalhadamente o assunto e mostrar quando o uso de “doutor” é, de fato, correto ou simplesmente aceito como costume. Acompanhe, pois o texto está para lá de interessante!

O que é um doutor?

Para responder a essa pergunta, precisamos levar em conta o que diz o parecer nº 977/65 do Ministério da Educação (MEC) e as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, estabelecidas em 1996.

Basicamente, o termo “doutor” é um dos títulos acadêmicos reconhecidos no país, conquistado após: a formação ser concluída, o trabalho de conclusão de curso ser apresentado (nesse caso, uma tese) e o diploma ser recebido.

Na graduação, que é o primeiro nível do ensino superior, há três modalidades de formação: bacharelado, licenciatura e tecnológico. Por meio deles, é possível obter os títulos de bacharel, licenciado e tecnólogo, respectivamente.

Já na pós-graduação, que é o segundo nível do ensino superior, com o qual o profissional se atualiza e se aprofunda na área de atuação, há dois percursos a serem seguidos: o dos cursos stricto sensu e o dos lato sensu.

No primeiro, estão as formações de mestrado e doutorado, que concedem os títulos de mestre e doutor, respectivamente. No segundo caso, por sua vez, há as formações de especialização e MBA. No entanto, elas não oferecem titulação acadêmica. Trata-se de graus de ensino por meio dos quais são obtidas certificações. Assim, posteriormente, o profissional pode se candidatar ao processo seletivo para o título de especialista no Conselho Federal da sua categoria.

Porém, como já dá para imaginar, esse reconhecimento pelo órgão é estritamente profissional, dependendo do segmento em que você vai construir carreira. Ele não tem peso ou influência no ambiente universitário.

Como esse termo surgiu?

A história do termo “doutor” remete a séculos atrás, no período da Idade Média, quando as instituições europeias de ensino ofereciam formações para poucas áreas, sendo as principais o Direito e a Medicina.

Como não havia ciclos consecutivos de estudo (graduação e pós-graduação), aqueles que faziam a faculdade já saiam denominados doutores. Esse era o título acadêmico da época. Ou seja, doutores eram profissionais com estudo e aptos a exercerem atividades mais complexas do que as que existiam no mercado daquele tempo.

Além disso, esse título acabou sendo usado como forma de distinção e status social, já que apenas nobres e pessoas de famílias abastadas tinham acesso ao ambiente universitário. Logo, ele tornou-se tanto título acadêmico quanto forma de tratamento que tornava implícita a posição do indivíduo na sociedade.

Por que chamamos alguns profissionais de doutor?

Naturalmente, a tradição que comentamos há pouco se espalhou para os locais que foram colonizados pelas nações do velho continente, como Espanha, França e Portugal. Vale lembrar que o Brasil passou quase três séculos como colônia. Todo esse tempo influenciou não só nossa língua e cultura, mas também nossos costumes sociais e profissionais.

Não é para menos que no Brasil Império houve a promulgação de leis sobre o ensino superior, sendo que uma delas, a de 11 de agosto de 1827, concedia o título de doutor àqueles que cursavam Ciências Jurídicas (Direito) em São Paulo e Recife — únicos estados que tinham a oferta dessa formação.

Portanto, além do hábito já estabelecido nas interações sociais, havia também uma lei sobre o assunto. Tudo isso serviu para consolidar o termo doutor como uma variante dos pronomes de tratamento para aqueles que seguiam carreira em profissões tão importantes e renomadas.

Mas doutor não é quem tem doutorado?

Como explicamos, fatos históricos contribuíram para que vários profissionais fossem tratados por doutores, independentemente de terem ou não um doutorado. Em nosso país, a lei imperial contribuiu muito para isso. Porém, com o advento da República, tudo muda, já que o território passa a ser regido não por decisões de um imperador, e sim por uma carta magna com princípios do Estado Democrático de Direito.

Para além da Constituição — da qual falaremos logo mais —, a nossa Legislação Federal não traz qualquer lei, código, estatuto, decreto ou medida provisória que sustenta a concessão de título de doutor para um grupo X de profissões como ocorria no passado.

Ao contrário, o que as já citadas Diretrizes Educacionais fazem é reforçar a conclusão de cada grau acadêmico disponível no ensino superior, para que o estudante alcance o título referente à cada formação. Portanto, o que restou foi apenas um costume tanto formal quanto informal enraizado em nossa sociedade — que, inclusive, pode ser estendido a qualquer categoria de trabalho, se você assim desejar.

Em quais casos isso é uma exceção? 

Em nenhum caso há exceção. A Constituição Federal vigente, a de 88, é muito clara e direta: somos todos iguais diante da lei. Não se pode, sob nenhum aspecto, tratar um ou outro cidadão como se ele fosse melhor ou superior que os demais, seja lá qual for o motivo que fulano ou sicrano leve em conta — o que inclui a profissão, a titulação acadêmica, o poder aquisitivo, as contribuições de caridade que faz etc.

A segunda edição do Manual da Presidência da República, elaborado ainda no Governo Fernando Henrique Cardoso, abordou a questão e frisou o que já foi discutido aqui. Isto é, que embora seja costume nacional chamar médicos e advogados de doutores, esse termo é, na verdade, um título acadêmico e deve-se ter cuidado para que não haja confusão.

Por falar em advogados, vale mencionar ainda que a própria Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) já se manifestou sobre o assunto. Inclusive, ela foi bastante categórica, como mostra o portal do órgão: advogados até podem utilizar o termo e serem chamados de doutor de maneira honorífica (em respeito à tradição), mas doutor não é uma forma de tratamento. É, como já dito, um título obtido exclusivamente por quem concluiu o doutorado.

Trocando em miúdos, nenhum profissional pode exigir ser chamado de doutor ou utilizar esse termo como forma de distinção social, ainda mais se nunca fez uma pós-graduação. Quando se faz necessário em ambientes formais, oficiais e/ou cerimoniais, há diversos pronomes de tratamento que podem ser utilizados sem problemas.

E fisioterapeuta, é um doutor?

Indo agora para o mercado de trabalho para fisioterapeuta, você deve estar se questionando como fica o uso do termo na área, não é mesmo? Pois bem, no código de ética da categoria, estabelecido pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), é deixado claro que você pode usar um título acadêmico (de mestre ou doutor) para promover a sua atuação, desde, é claro, que o tenha.

Apesar disso, assim como acontece nos diversos segmentos da área da saúde (odontologia, medicina, nutrição etc.) é comum a adoção do termo doutor por pacientes, funcionários em instalações hospitalares e ambulatoriais, meios de comunicação etc. Ou seja, considerando os costumes sociais e o uso profissional, sim, o fisioterapeuta é doutor.

Agora que você já sabe se fisioterapeuta é doutor e, inclusive, as diferenças entre pronome de tratamento e uso honorífico do termo, vai ficar mais fácil entender a importância da formação acadêmica e como ela impacta a sua vida profissional, não é mesmo?

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