CNV: o que é comunicação não violenta e como adotar?

Você já ouviu falar em comunicação não violenta? A sigla “CNV” vem sendo cada vez mais utilizada em diversos ambientes, desde os espaços corporativos até os familiares e educacionais. Isso tudo porque o conceito ganhou vez e relevância para otimizar as relações interpessoais.

Se você ainda não conhece muito bem a ideia ou não tem noção do que se trata, está na hora de descobrir mais. Fique atento e nos acompanhe até o final do conteúdo para aprender a adotar essa técnica no seu dia a dia. Aproveite a leitura!

O que é CNV – Comunicação Não Violenta?

A comunicação não violenta é um conceito e uma prática que tem por objetivo melhorar a compreensão na comunicação das pessoas. Ela pode ser adaptada para qualquer ambiente ou cenário, e ser usada em casa, no trabalho — entrando na lista de soft skills valorizadas —, na escola ou em outros locais.

A proposta é justamente que cada um atente a 4 pontos básicos que podem melhorar a comunicação interpessoal — os 4 componentes da CNV, que você verá mais adiante. A partir deles, é possível não só expressar melhor a mensagem que você está tentando passar, como também obter melhor compreensão do que o seu interlocutor está falando também.

Isso contribui significativamente para evitar ou resolver os principais conflitos existentes em relação a uma comunicação ineficiente, com vícios de linguagem, violenta ou impaciente, por exemplo. Assim, todos se beneficiam, desfrutando de trocas verbais e até mesmo não verbais mais eficientes.

Vale lembrar que não se trata de uma técnica ou de um passo a passo a ser seguido. A ideia é muito mais compreender os pontos principais de uma comunicação eficiente e exercitá-los até se tornarem naturais e automáticos no dia a dia das relações.

Quais são seus componentes?

Para facilitar a vida de quem quer praticar uma comunicação não violenta, existem os 4 componentes que norteiam esse processo. Quanto mais você concentrar a sua atenção e a sua comunicação nesses componentes, maiores as chances de ter uma comunicação eficaz. Vamos conferir?

1. Observação

O primeiro componente é a observação. Ela propõe que a gente separe um fato ocorrido das interpretações que temos sobre ele. De forma geral, uma situação é muito mais simples na vida real do que ela costuma ser na nossa cabeça.

De forma bem simples, quando falamos sobre o que observamos, é muito mais fácil de sermos escutados do que quando culpamos ou apontamos os erros de outra pessoa. Por isso, os julgamentos devem sempre dar lugar aos fatos.

Assim, quando você trabalha a observação, você não está preocupado em dizer se a capa de um determinado livro é feia ou bonita, afinal, essa é uma percepção pessoal. Você pode se concentrar nos fatos de que a capa é verde ou vermelha, grossa ou fina, preservada ou desgastada. Percebe a diferença?

2. Sentimento

Outro ponto importante da CNV é que é muito benéfico expressarmos nossas vulnerabilidades e nossos sentimentos quando queremos nos aproximar da pessoa com quem estamos falando. Mas note que isso deve ser feito de forma franca e aberta.

Não adianta, por exemplo, dizer que você “sente” que algo vai dar errado. Isso não é um sentimento em si. Em vez disso, experimente verbalizar que você se sente inseguro ou temeroso porque algo pode dar errado. Nesse caso, seu interlocutor pode encontrar uma forma de acalmá-lo.

Quando nos comunicamos, esquecemos que existe um sentimento por trás de cada reivindicação. Se você reclama com o seu filho porque ele não arrumou a cama, o problema não é a cama desarrumada, mas como você se sente em relação à bagunça.

3. Necessidades

O próximo componente da CNV são as necessidades. Todo ser humano conta com necessidades que precisam ser satisfeitas — é por isso que nós agimos, nos falamos e fazemos escolhas. Na comunicação, isso não é diferente.

Imagine a comunicação como o caminho do meio entre as suas necessidades e as de outra pessoa. Quando vocês trazem esses desejos à tona, fica mais fácil de conciliar tudo.

Se você marca um compromisso com alguém às 10h e está pronto desde as 9h, sua necessidade pode ser a previsibilidade e a organização. Mas se a outra pessoa só está preparada às 10h, pode ser que a necessidade dela seja o descanso e a segurança.

No entanto, vocês sempre podem chegar ao caminho do meio, adiantando o compromisso para as 9h30m, por exemplo. Assim, você não precisa esperar tanto e a pessoa pode se programar para chegar mais cedo, percebe? Mas veja que, por trás desse comportamento, existe uma necessidade individual.

Ninguém se atrasa ou chega em cima da hora para irritar você. A pessoa só tem necessidades diferentes das suas.

4. Pedidos

Por fim, temos os pedidos, que são a verbalização daquilo que temos como necessidade, afinal, ninguém é obrigado a deduzir o que queremos, certo? Porém, existe uma maneira de fazer esses pedidos de forma consciente e intencional, sem achar que você está incomodando ou sendo óbvio demais.

Você precisa fazer pedidos claros e específicos, para que suas necessidades sejam realmente atendidas. Além disso, é importante se manter aberto para receber eventuais “nãos”, do contrário, seu pedido não é um pedido, mas uma ordem.

Então, certifique-se de deixar claro aquilo do que você precisa, verbalize o seu pedido de ajuda e compreenda que, assim, oferece ao outro a oportunidade de contribuir com a sua vida. Porém, isso nunca deve custar o bem-estar e as necessidades do outro.

Como adotar a CNV no dia a dia?

Levar a comunicação não violenta para o seu dia a dia pode ser mais simples do que parece. Mas isso nem sempre significa facilidade.

Então, fique atento, porque você não vai encontrar um passo a passo para fazer isso. Além de muitos livros sobre o assunto para aprofundar a temática, ao conhecer os 4 componentes da CNV, resta você entender suas 3 áreas de aplicação e começar a praticar:

• Autoconexão: é fundamental que você reconheça seus sentimentos, necessidades e demandas a cada momento, afinal, é seu papel ter clareza sobre isso;
• Empatia: também é importante se manter atento às necessidades do outro por meio de uma curiosidade empática, compreendendo como você pode ajudar;
• Expressão honesta: por fim, seja honesto com o que você espera, deseja ou pode fazer pelo outro, sempre com atenção aos 4 componentes.

Como você viu, não há outro caminho para levar a CNV para a sua vida senão praticando. É preciso manter atenção constante à forma como você expressa as suas necessidades. Do mesmo modo, é necessário entender que, por trás das exigências dos outros, sempre existem necessidades também.

Agora, você já tem as dicas e as ferramentas em mãos para começar a transformar a sua comunicação em algo mais eficaz e eficiente. Portanto, comece praticando com as pessoas mais próximas, como a família e os amigos. Depois, leve esse comportamento para o ambiente de trabalho e para as outras interações.

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